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domingo, 25 de dezembro de 2011


Solidariedade e tristeza no Natal da favela incendiada em SP

Crianças receberam presentes de voluntários na favela do Moinho, mas moradores ainda precisam de itens básicos

25/12/2011 18:37
Texto:
Por volta das 14h deste domingo de Natal, três carros lotados de brinquedos estacionaram sob uma tenda entre os poucos barracos que resistiram ao incêndio da última quinta-feira na favela do Moinho, no centro de São Paulo.
Foto: AE
Incêndio atinge a favela do Moinho e um prédio de quatro andares abandonado, instalados ao lado da linha férrea, próximo à Avenida Rio Branco
Quase instantaneamente uma imensa fila composta por dezenas de crianças se forma em torno da tenda. Do alto da carroceria de uma picape, a microempresária Geane Nascimento Costa, de Barueri, pergunta: “Menino? Menina?” e entrega os carrinhos, bonecas, jogos etc.
Simultaneamente, na entrada da favela o administrador de empresas, Joaquim Romanelli, montava os pratos de macarrão com frango assado e maionese que eram passados de mão em mão a cerca de uma centena de desabrigados em outra fila. “Não se esqueça de levar um chocolate para as crianças”, dizia Romanelli, com um gorro natalino na cabeça e um sorriso no rosto.
Enquanto isso, poucos metros à frente, um grupo de voluntários ligados à Igreja Católica empilhava montes de roupas usadas de todos os tipos e para todas as idades sob o olhar ávido de outra centena de desabrigados que só esperava a autorização para atacar.
Foto: Diogo Moreira/Futura PressAmpliar
Moradores acompanham trabalho de bombeiros em favela após incêndio
“Desde ontem à noite não para de chegar gente com alguma coisa para ajudar. É uma cesta básica aqui, um saco com roupas ali. Teve um homem que trouxe até cerveja e refrigerante para a ceia”, disse a aposentada Antonia de Jesus Nunes, de 55 anos, que perdeu tudo o que tinha no incêndio de quinta-feira.
“Às vezes é preciso acontecer uma coisa muito ruim para que a vida da gente dê uma reviravolta e melhore”, afirmou a secretária desempregada Marlene Araújo, 42 anos. “Eu estava sem serviço fixo há três anos. Por isso vim parar na favela. Ontem à noite uma mulher, que veio ajudar o pessoal da favela, me ofereceu emprego. Agora vou poder pagar aluguel e viver decentemente”, completou.
Palco de uma tragédia às vésperas do Natal, a favela do Moinho se transformou no alvo preferencial da solidariedade dos paulistanos. O grande fluxo de ajuda nos últimos dois dias trouxe algum alento para a noite de Natal das centenas de famílias atingidas pelo incêndio. “Tem criança aqui que não ganhava um brinquedo há anos e hoje ganhou três”, disse Marlene.
Apesar disso, as carências ainda são muitas. A começar pela otimização da ajuda. “Às vezes alguém entrega alguma coisa lá na creche que nem chega. Muita gente que não precisa e que nem morava aqui está levando as coisas para casa. Outros estão estocando enquanto tem gente passando necessidade”, disse Maria Odete Gonzaga de Souza, 41 anos.
Mesmo com toda a solidariedade, ainda sofrem com a carência de itens básicos. Faltam colchões, cobertores, material de higiene pessoal, banheiros, fraldas descartáveis e remédios.
Os moradores da favela continuam assustados com o incêndio, principalmente as crianças, que não esquecem as cenas impactantes das chamas gigantescas e dos corpos carbonizados sendo retirados.
“Além disso falta uma esperança. Ninguém aqui sabe o que vai ser do futuro. As autoridades não dizem o que vão fazer com a gente. No momento, o que mais precisamos é de moradia”, disse Valdete dos Santos Silva, de 26 anos

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